domingo, 16 de maio de 2010

Tão vendo?

Ta no site do UAI: “Números divulgados neste sábado pelo instituto Vox Populi revelam que a campanha presidencial se mantém equilibrada. Na pesquisa estimulada, na qual a lista de candidatos é apresentada aos eleitores, Dilma Rousseff (PT) aparece com 38% das intenções de votos, contra 35% de José Serra (PSDB). A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. Portanto, PT e PSDB aparecem tecnicamente empatados.

A terceira colocada, Marina Silva (PV), tem a preferência de 7% dos eleitores. Os votos brancos e nulos somam 8% e 14% não responderam ou não souberam responder.

Petistas e tucanos também estão parelhos num eventual segundo turno. A pesquisa revela que 40% dos eleitores preferem Dilma e 38% ficariam com Serra. A margem de erro coloca os dois pré-candidatos em empate técnico. Os votos nulos e brancos somariam 9%. Outros 13% de eleitores não responderam ou não souberam responder”.


Em 11 de maio de 2010 09:09, escreveu:

Caro Luiz Sergio

Você é parente da Ana Maria Nacinovic. Fui colega dela.

UM abraço

Wagner

Ela é filha do irmão mais velho de meu pai. Ana Maria era minha prima, três anos mais velha. Eu e ela jogávamos cartas. Achava ela a mulher mais bonita que eu já tinha visto. Foste colega dela onde?

Luiz

Fomos colegas da Escola de Belas Artes- UFRJ. Vou enviar uma foto desta mulher, que você considera mais linda. Eu acrescento, também uma das mais dignas. Se você quiser conhecer um pouco mais sobre a Ana (MARCELA). Leia : Viagem a luta armada, Carlos Eugenio Sarmento.

Um abraço

Wagner
Chefe. Vou te ser sincero. Eu tenho saudades da Ana Maria minha prima e não a Ana Maria ativista. Essa história eu deixo os outros ganharem dinheiro com ela. O assunto Ana Maria é inconversável no seio da família até hoje. Minha tia Didi( mãe dela) está num hospício. Porque vamos expor ainda mais a fratura? A Ana para mim não está viva. Lembro dela? Lembro, e muito. Principalmente na fase deslumbrada pós- separação, antes dela cair na clandestinidade. Eu não tinha noção desse lado dela. Ela não tinha noção do meu. Já à Sonia e a Márcia( primas filhas de uma tia), ela contava tudo. E as duas só foram nos contar isso DEPOIS QUE ELA MORRRREEEEU!
Eu fui ao enterro dela. Ver aqueles olhos fechados pela viseira do caixão lacrado... ver os "agentes da lei" nos acompanhando pelo cemitério e chega. Nunca lerei esse livro.

Luiz

Desculpe-me por ter despertado em você estes sentimentos. Mais gostaria de reiterar também o carinho que tive pela Ana. Era uma pessoa muito digna.

Um abraço

Wagner

Chefe. Tudo bem. Não esquenta. Fico na bronca porque muita gente já me propôs de tudo usando o nome dela. Incluindo a Rede Globo de TV, que queria "homenageá-la"(Acredita nisso?). Logo eles! Já devo ter recebido uns 300 e-mails perguntando sobre nosso parentesco e envolvimento. Simplesmente abstraio nessa realidade qualquer conjectura.

Luiz

Desculpe-me por ter despertado em você estes sentimentos. Mais gostaria de reiterar também o carinho que tive pela Ana. Era uma pessoa muito digna.

Um abraço

Wagner

Luiz

De uma forma mais dramática, e ignorada por muita gente, os familiares de pessoas como a Ana, viveram e continuam a padecer os rigores daquele período. Mas se um dia tiveres curiosidade, leia o livro que te indiquei. Não conheço pessoalmente o autor, mas é uma pessoa que, certamente, ainda cultiva um grande amor pela Ana. Não é alguém que queira ganhar dinheiro com isto. Também não conheci ua tia, apesar de ter falado com ela por telefone quando morava na av Atlantica. Se você me permitir falarei sobre seu estado a uma outra amiga, que se comunicava eventualmente com ela.
Mais uma vez, desculpe-me por ter despertado este sentimento em você.

Pode falar com a tua amiga. Eu simplesmente coloquei a você o mesmo que eu coloquei para um cara que me procurou dizendo estar escrevendo a história da Esquerda Brasileira.Coloquei, além dsso, uma série de perguntas estilo Se ele iria contar a história ou romancear algo, como muita gente que se diz hoje um lutador naquele período(vide Norma Bengell). Eu só não escrevi sobre a Ana até hoje porque minha verdade iria acabar com o devaneio de muita gente. Acho todos desse naipe que me procuram verdadeiros cabos Anselmos, pois se apropriar da memória de alguém em proveito próprio não deixa de ser uma traição. E o caso das pensões pagas pelo Estado está repleto deles.ÊÊ cambada!

Luiz

Você tem alguma razão quando faz este desabafo. Porém nem todas pessoas agem deste modo. Certamente há muitas pessoas que valorizam a conduta dela. O que não significa dizer que não tenhamos deslizes. A pessoa a quem me refiro também estudou com a Ana e depois da sua morte, salvo engano, continuou mantendo contato com tua tia.

Um abraço


Wagner

Eu não faço esse juízo de valores negativo. Eu também valorizo a conduta da Ana. Só não quero saber detalhes. Eles não vão trazê-la de volta, meu caro. Isso para mim não passa de masturbação mental sobre o passado- na minha visão, uma das doenças infantis que acometem à esquerda. Antes que você me rotule, vou lhe dizer que sou comunista convicto. E por ser de esquerda, porém realista, escrevo e assino embaixo do que vem a seguir:
- Considero a luta antiditadura no Brasil como uma das grandes facécias da política, já que o maior evento de todo o período foi a morte do Marighella. Só no Brasil é que o primeiro grande evento que torna a esquerda conhecida é justamente a morte de seu líder maior.
Como dissidente, Carlos Marighella era impecável. Como lutador, um zero à esquerda. O Manual de Guerrilha escrito por ele é risível, cheio de lugares comuns e com citações panfletárias bem ao gosto de idealistas. Tão ruim quanto o de Che Guevara. Acredito que essa ruindade os levou a ruína.
Todos os nossos "guerrilheiros" eram amadores sem noção nenhuma daquilo que faziam. Daí terem sido desorganizados, torturados e não terem causado mal nenhum ao sistema. Os militares queriam até mais para entalarem os bolsos com a ajuda militar norte-americana.
E hoje, o supremo tribunal federal passa a todos nós uma sensação de desprazer resumida numa súmula que nos equipara àqueles que usaram o Estado em atos terroristas contra nós. É ou não é para estar farto?

Luiz

Não creio que a nossa reflexão deva ir por este caminho. Vivemos um momento muito ruim. De introspecção e de falta de alternativas. Mas não podemos limitar nossa visão de mundo a este momento. Perder de vista um projeto de sociedade que não esteja centrado no individualismo e na lei do cão. Hoje lidamos com uma juventude que não tem referencias e procura extrai-las de uma convivência pouco fecunda. O grande exito do ultraliberalismo foi sufocar a sociabilidade em nome do interesse individual e privado. Na nossa área de atividade essa tendência é mais do que dominante. Tivemos ilusões de que superariamos rapidamente essas limitações barreiras do ser humanos. Imaginamos que estas transformações fossem bruscas e trouxessem resultados imediatos. Demos com os burros n'agua. Contudo não podemos ser céticos. Precisamos cultivar a esperança de que essas coisas todas mudem para melhor. Não sou otimista, mas tento ser.

Como já diria Gil, meu caminho/eu mesmo traço/para isso deus me deu/régua e compasso. Mestre. Eu acredito que as diversas questões sociais no Brasil tem que passar por um paredão. Sem ele, vamos continuar essa sucessão de pactos, com o estado pedindo desculpas pelos atos que ele mesmo cometeu. Temos que ingressar no rol da seriedade social. O esquerdismo hipócrita de José Serra esbarra naquela foto ao lado da Kátia Abreu, na maior das intimidades. Se considerarmos o Cabo Anselmo um arquétipo, José Serra é uma de suas imagens. E ainda existe gente que vota nele e no Maluf. Não existe a falta de alternativas. A alternativa é o sucessor que Lula será obrigado a fazer para que nossas conquistas não desçam a ladeira.
Um paredãozinho só e nossa política interna tomava jeito por um século. Mas, vivemos numa sociedade democrática de direito. É essa contradição que vai trazer o MST para a luta armada. É esperar um pouco. Eu não desejo isso, sinceramente. Eu quero é consumir e ser feliz, dentro do estilo "Nada me aborrece". Mas, continuo aborrecido, tá ligado?

Luiz

Vou te dizer uma coisa. Passei alguns maus momentos nestes dois ou três últimos anos. Aos poucos fui retomando minhas atividades e voltando a sentir a importância de muitas coisas que estão o nosso redor. Voltei a escrever algumas bobagens. O que não fazia há algum tempo. Creio que isto nos mobiliza. Retira-nos da inércia e da sensação de impotência que as vezes nos acomete. permite que a gente viaje intimamente.
O que percebi neste curto período de troca de mensagens. Você escreve bem. è claro que há algumas formulações com as quais não concordo. Sou um franco e fraco crítico do consumo desenfreado. Não acredito que isto nos faça felizes. Também não creio que paredões mudem alguma coisa. Já fui mais ferrenho, mas continuo ainda sendo contrário à pena de morte, para quem quer que seja.
Amanha vamos interromper durante algum tempo nosso dialogo. Vou viajar e não sei quando terei acesso à internet.
De qualquer modo, fica o fraterno abraço

Wagner

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