“O assassinato de Pinheiro (o motoboy Eduardo Pinheiro assassinado dentro de um batalhão da PM de São Paulo – PHA) é mais uma prova trágica de que os crimes silenciados ao longo da história de um país tendem a se repetir. Em infeliz conluio com a passividade, perdão, bondade, geral.”
“ … a sociedade brasileira não está nem aí para a tortura cometida no país … a violência policial prosseguiu e cresceu no país, porque nós consentimos – desde que só vitime os sem-cidadania, digo: os pobres.”
“O argumento de que a nossa anistia foi ‘bilateral’ omite a grotesca desproporção das forças que lutavam contra a ditadura (inclusive os escolheram a via da luta armada) e o aparato repressivo dos governos militares. Os prisioneiros torturados não foram mortos em combate.”
“A tortura é crime contra a Humanidade, não anistiável pela nossa lei de 1979.”
“Mas somos um povo tão bom … Fomos o único país, entre as ferozes ditaduras latino-americanas dos anos 60 e 70, que não julgou seus generais nem seus torturadores.”
“A policia mata mais hoje do que no período militar. Mata porque pode matar. Mata porque nós continuamos a dizer tudo bem.”
Essas são frases de Maria Rita Kehl no artigo que escreveu para o "Estadão" no sábado. Roubei lá do PHA. Continuo, até esse momento( hoje- segunda feira 2 de maio) completamente enraivecido com o STF por sua decisão digna de um Salomão Políticamente Correto.
Essa decisão fere a ética e a proporcionalidade. Mais uma vez um dos poderes de uma república democrática inocenta o próprio Estado do terrorismo que ele desenvolveu contra seus próprios cidadãos, num certo momento da história recente, passada na lama com essas colocações de sujeira debaixo de um tapete chamado "pacto". Estão confundindo pacto ao tucupi com entupir o cu do pacto. Trocadilho imbecil, mas que retrata o contexto non-sense.
A confissão que lemos acima generaliza a coisa, colocando todos nós como se fossemos a classe média elitista. Garanto que a mãe de um morto por uma bala perdida não está dizendo "tudo bem" ao status quo. Ou a mãe que espera até hoje por uma notícia do filho desaparecido. Devido a algumas "injunções", o corpo de minha prima foi liberado para sepultamento. A impunidade era tanta que seus matadores a chacinaram numa churrascaria. Existem dezenas de testemunhas. Algumas até acionaram a corregedoria de polícia. Porisso que ela veio para nós naquele caixão blindado só com uma janelinha para os olhos. Mas, ela veio. E os corpos que não vieram? Onde foram parar???
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