Eu tive um professor de língua portuguêsa, filho extra casamento do Nelson Rodrigues( Nelson Rodrigues Filho- o outro. Ele se assinava assim) que lia minhas redações e me encorajava quando eu encontrava obstáculos. Me lembro como se fosse hoje. Ele dizia."O texto é uma criatura e você é seu criador. Ele é sempre a segunda pessoa de teu interior. O público é a terceira pessoa. Pergunte ao texto: Tu achas que eles vão gostar de você? Discuta tudo com teu texto, todas as soluções e todas as alterações. Trate teu texto sempre dessa forma. É assim que você dará vida a ele. É assim que ele será uma representação da realidade. Lembre-se que Teu texto é um modelo de como teu interior viu aquele momento da criação. Nessa hora você é divino". E daí sempre descambava- se para uma discussão filosófica daquelas.
Nelsinho era um cara que somava. Muita coisa que eu não consegui conversar eu guardei para futuros diálogos interiores. Comigo deu certo.
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O cronista diz que a luta indígena tem "origem na esperteza de alguns e na má fé de outros, incentivados pela motivação ideológica de terceiros". Por outro lado, a empresa já foi condenada judicialmente por racismo e discriminação e outro cronista do jornal A Gazeta foi condenado pela justiça por ato injurioso e discriminação dos indígenas. Diante da imobilidade da justiça, os atos de resistência à opressão do Estado foram classificadas por ele como "ações violentas dos indígenas que queriam mais terras ou mais dinheiro". Em contrapartida, as conquistas advindas da persistência das reivindicações pelos direitos indígenas foram classificadas por ele como "um gesto de boa vontade" da empresa.
Acho a coisa toda muito engraçada, pois "A GAZETA" já aprontou outras, inclusive na cobertura da festa de lançamento do livro de Tia Maria, onde o repórter misturou as henriquetas, dizendo que mamãe é que era a amiga da lia e que Carolina e Mariana eram netas de mamãe. Nesse dia, eu tive certeza que nenhum Monteiro Lindenberg leu a matéria ou então não lê ou não dá uma passada de olhos pelo jornal que a empresa, de propriedade deles, edita. Tive a pachorra de mandar um e-mail para quem escreveu a matéria apontando os erros e recebi uma resposta muito mal criada de alguém que deve se achar o supra-sumo em jornalismo e que foi mandado para o local para fazer a matéria totalmente contra a vontade. Vou te confessar uma coisa: ainda bem que nunca me convidaram para trabalhar lá, poi se convidassem eu iria. Afinal, Tia Maria é minha madrinha e eu consideraria o convite um presentão. Graças a deus, eu nunca recebi esse presente.
Nessas horas, vejo que as linhas estão sempre tortas. Nós é que conseguimos escrever certo nelas, como você descreve teus cenários nas linhas que redige. Acho ótimo ter me encontrado contigo, apesar desse encontro ter sido trop tard. Se fosse um pouco antes, quando eu ainda tinha meus contatos, íamos fazer a família estremecer nos alicerces. Te garanto. Aí, eles iriam reclamar bastante sobre o porque dos nossos textos estarem publicados no jornal rival. Deixa isso para lá e vamos falar do que nos interessa:
Estou formando uma antologia respeitável de seus escritos, todos eles legíveis ao grande público e muito bons na MINHA(frizo) visão crítica. Eu estou gostando muito do que leio, se bem que, aos olhos de certas pessoas, minhas leituras são um pouco ecléticas. Dá mesma forma que leio Machado, leio John Fante, William Burroughs, Marcel Camus, Sartre, Marcuse, Thomas Mann( já leu "A Montanha Mágica" e a descrição que ele faz da neve?)e agora leio você.
Espero receber a encomenda de Marseille antes do próximo e-mail. Vou ler e depois a gente conversa.
Um abração
domingo, 28 de fevereiro de 2010
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