domingo, 21 de março de 2010

A Grande Ilusão

A grande ilusão é o poder, já que ele não reside no indivíduo. Reside no papel que o indivíduo representa. E esse papel é colocado nele por nós, que acreditamos na sua capacidade de liderar o grupo num projeto.
A disputa pela ilusão de ter poder sobre alguém ou sobre algo leva o indivíduo as suas atitudes mais ridículas. E também às suas atitudes mais inconfessáveis. O agricultor que agarrou uma menina de 11 anos e a beijou loucamente disse na polícia que sentiu aquela vontade incontrolável. Corre uma lenda urbana aqui em BH que uma conhecida dama da sociedade se apaixonou e teve um caso com um policial depois que este a levou para assistir uma sessão de tortura. Será que a dama ficou incontrolável ao realizar a relação de poder existente entre quem dava e quem levava porrada?
Essa ilusão de não ter que prestar contas a ninguém sobre seus atos é que levou a mãe de um amigo meu a fugir com o dentista. O nome do dentista era Jovildo. Você fugiria com um dentista de nome Jovildo, alegando que a separação foi causada pela crueldade mental dele(a)?
Pois foi isso que aconteceu. Isso tudo, nos anos 50 era mais ou menos como dar para o vizinho na cama do casal. A maioria dessas fugas terminava em montevideo ou la paz e o novo casal já voltava com a cara de tacho e uma certidão de casamento novinha, novinha.
A grande ilusão é viver o poder de ter perto de si alguém que não torne tua vida uma tragédia Rodriguiana. Submisso o bastante e rebelde sob controle, que torne tua vida um pouco mais picante que a rotina do nada melhor que um dia depois do outro.
A Grande Ilusão foi filme de Jean Renoir. O título é tão bom quanto “Salário do Medo”, “Os Quatro Cavaleiros do Apocalípse”. É título a qualquer hora para qualquer coisa.
Eu mesmo vivo nessa grande ilusão de que algum dia vai haver mais um alguém lendo tudo isso e não apenas eu que redigi.

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